28 de julho de 2017

Os diferentes ministerios em 1 Corintios 12 sao denominacoes?

Baseando-se em 1 Coríntios 12 você perguntou se a existência de diferentes ministérios não seria um fundamento para existirem diferentes denominações ou igrejas. Não, é um verdadeiro erro usar essa palavra como justificativa para dividir os cristãos por diferentes nomes e seitas. Na mesma carta Paulo chama tal prática de carnalidade.

"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?... E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?"(1 Co 1:10-13; 3:1-5).

Ao falar do contraste entre a sabedoria que vem do alto e a meramente terrena, Tiago vai mais longe ao chamar o sentimento faccioso, que é justamente o desejo de se dividir os irmãos em diferentes grupos ou facções, de "sabedoria... terrena, animal e diabólica".

"Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz." (Tg 3:13-18).

É surpreendente que a maioria dos cristãos não percebam isso, ainda mais quando o próprio Senhor expressou seu desejo de que seu povo devia ser um como forma de expressar a mesma unidade que ele tem com o Pai. Em sua oração antes de partir para o Pai ele deixa isso muito claro:

"E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim." (Jo 17:11, 20-23).

Para mim fica muito claro que se você disser "eu sou de Paulo" e eu disser "eu sou de Pedro" não estaremos demonstrando qualquer unidade. O mesmo vale para a versão moderna desse "eu sou de Paulo... eu sou de Pedro" que é dizer "eu sou batista" ou "eu sou presbiteriano" ou qualquer outra denominação que os homens inventaram. Será que é tão difícil para você entender que isso destrói o desejo do Senhor quando disse "que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste". Como o mundo pode crer se cada crente se identifica por um nome diferente ao invés de usar apenas o nome de Jesus sobre si?

Lembro-me de uma conversa com uma jovem irmã que se apresentou como sendo presbiteriana. Depois de eu explicar a ela que "há um só corpo" (Ef 4:4) e que Deus nunca ordenou e nem autorizou que os seus fossem identificados por diferentes nomes, ela tentou se corrigir dizendo: "Ah, mas quando vou falar de Jesus a alguém não digo que sou presbiteriana, digo apenas que sou cristã""E por que não diz que é presbiteriana?" — perguntei. "Porque a pessoa pode ter alguma coisa contra a Igreja Presbiteriana e isso atrapalhar na evangelização". Então eu disse: "Minha irmã, como é que você pode ser algo que precisa esconder na hora de evangelizar para não atrapalhar na conversão de uma alma? Por que não se livra logo desse nome e fica só com o Nome que está acima de todo nome?".

Quando nos damos conta do que é a Igreja, o corpo de Cristo, e de quão exaltado é esse nome, passamos a considerar uma infantilidade querer identificar os crentes em Jesus por outro nome que não seja o único e mais sublime Nome que Deus escolheu para nos identificar. Ao orar pelos cristãos em Éfeso Paulo falou da sublimidade desse nome.

"Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos,  não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos." (Ef 1:15-23).

Você não se sente ridículo dizendo que é alguma outra coisa que não seja apenas cristão? Não se sente usado quando é obrigado a alçar uma bandeira e defender um nome que não é o nome de Jesus apenas? Portanto, nem pense em querer dourar a pílula chamando as diferentes denominações de "ministérios". Isso é querer maquiar o erro com um termo bíblico que não tem nada a ver com essa vergonhosa colcha de retalhos em que se transformou o testemunho do corpo de Cristo nas mãos dos homens. O corpo continua um, porque é impossível dividir o corpo de Cristo. O que foi dividido pelos homens, despedaçado até, é o testemunho com suas diferentes "igrejas" denominacionais.

Ministério significa simplesmente serviço de ministrar ou prover algo, que pode ser tanto material quanto espiritual. Não tem nada a ver com denominações, pois ministério é a ação de uma pessoa, e como há diferentes pessoas há diversidade de ministérios, ou maneiras diferentes de se ministrar coisas materiais e espirituais. Por exemplo, um irmão ministra a Palavra para crianças, outro para adultos, um para ajudar necessidades espirituais, outro para suprir as materiais etc.

Em 1 Coríntios 12 temos nos versículos:

4 "Ora, há diversidade de dons [manifestações], mas o Espírito é o mesmo". 
5 "E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo". 
6 "E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos".

O versículo 4 nos fala de onde vem a capacitação ou poder para executar (o Espírito Santo). O versículo 5 nos mostra de onde vem a direção e autoridade para ministrarmos aquilo que esse poder nos capacita (o Senhor). O versículo 6 nos diz quem está acima de todas essas operações, ou seja, de quem é a supremacia, e também quem é responsável pelos resultados (Deus).

Veja também:
http://manjarcelestial.blogspot.com.br/2016/02/que-denominacao-e-esta.html
http://manjarcelestial.blogspot.com.br/2009/11/igreja-de-deus-nos-dias-de-hoje.html
Por Mario Persona

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19 de julho de 2017

Os mortos podem ajudar os vivos?




Não, os mortos estão mortos, ou seja, não têm mais atuação nesta vida. Os que foram salvos estão com o Senhor e os que não foram salvos estão no Hades, o lugar dos mortos, aguardando o juízo. Os primeiros estão tão ocupados com Cristo que não irão interferir nos problemas dos vivos e os outros estão em densas trevas, incapazes de qualquer relação com os vivos.

Quando a Bíblia abre uma fresta e mostra o além, podemos ver o que estão fazendo lá. Em Lucas 16 vemos o rico e Lázaro, o primeiro no Hades clamando por ajuda para mitigar sua sede, mas é impossível receber qualquer ajuda onde está, pois há um grande abismo que impede a passagem.

Ele também roga que Abraão, em cujo seio o mendigo Lázaro está após ter morrido (aqui uma representação do lugar dos salvos no Antigo Testamento) que o envie, para que vá avisar seus irmãos que ainda estão vivos. Abraão se limita a responder que os vivos já têm Moisés e os profetas (o Antigo Testamento) e que tudo de que precisavam estava lá, porque mesmo que alguém ressuscitasse dentre os mortos para falar com eles, eles não se arrependeriam.

Se formos ao livro de Apocalipse encontraremos também uma cena celestial na qual todos estão ocupados com o louvor a Deus e a Jesus, portanto não estão interferindo nas coisas deste mundo. Uma boa forma de enxergar a relação dos mortos com esta vida é lendo algumas passagens que falam que os mortos nada sabem, como é o caso desta:

Ecl_9:5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.

Ecl 9:10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. 

É preciso entender que o livro de Eclesiastes mostra o ponto de vista humano e neste mundo. Ali são as palavras do pregador que diz:

Ecl 1:3 Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?

Percebe onde se passa a cena de Eclesiastes? "Debaixo do sol", portanto, neste mundo. E neste mundo os mortos realmente nada sabem e nada podem, porque já não estão aqui, estão mortos para as coisas daqui. No livro de Eclesiastes a expressão "debaixo do sol" é repetida 27 vezes, para não ficarmos em dúvida de que o assunto ali é a terra, não o céu ou o hades (lugar dos mortos).

Há também outras passagens que mostram como os mortos passam para um estado em que estão alheios às sensações e ocorrências desta vida, no sentido de interferir nelas. Em alguns lugares eles são descritos como dormindo (porque é assim que os vivos os veem no corpo), embora por outras passagens sabemos que suas almas estão conscientes com o Senhor ou já sofrendo no Hades, como é o caso do rico que padece sede enquanto o pobre Lázaro desfruta do seio de Abraão.

Slm 146:4 Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.

1Ts 4:13 Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. 

Luc_16:23 E no inferno [hades], ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. 

Além disso a Bíblia proíbe terminantemente qualquer tipo de comunicação de vivos com mortos, algo que é chamado de necromancia. A razão é que quem responderá a ligação não serão os seres humanos mortos, mas os demônios ou espíritos imundos. Estes sim estão por aí se fazendo passar de espíritos de mortos para enganar os homens.

Tudo isso vale também para o caso dos chamados "santos" do catolicismo, que são pessoas que morreram. Pedir algo a eles ou esperar que respondam nada mais é que um espiritismo disfarçado. As próprias supostas aparições de Maria ou outras pessoas mortas chamadas de "santas" são manifestações demoníacas, já que não encontramos esse tipo de coisa na doutrina dos apóstolos.

O curioso é que as pessoas continuam recorrendo à ajuda de mortos quando o próprio Autor da vida, Jesus, se colocou à disposição para irmos a ele. Para quê ir a outro além daquele que vive para sempre e é Senhor de todas as coisas? Obviamente as pessoas preferem ir aos mortos em busca de auxílio por não crerem em Jesus, o Senhor, e não desejarem confessar seus pecados.

Toda crença reencarnacionista prevê uma segunda chance para a pessoa se endireitar numa suposta próxima reencarnação, o que deixa margem para ela pecar à vontade nesta vida. A doutrina católica do purgatório não é muito diferente disso e o diabo acaba enganando as pessoas com a ilusão de que poderão purgar seus pecados depois ou voltar para pagá-los numa próxima vez. Um filme espírita costuma ser anunciado com um slogam que diz mais ou menos assim: "Sempre existirá outra chance".

Como todo ser humano gosta de deixar as coisas para depois nem é preciso dizer que preferem essas doutrinas. A grande preferência das celebridades pelo espiritismo é explicada pela vida dissoluta que muitas delas levam.

Mat_11:28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 

Joã_6:68 Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós?Tu tens as palavras da vida eterna. 

http://www.respondi.com.br/2011/04/os-mortos-estao-dormindo.html
http://www.respondi.com.br/2008/01/quem-morre-vai-ao-ceu-ou-ao-paraiso.html
http://www.respondi.com.br/2007/05/vamos-reconhecer-as-pessoas-no-ceu.html 


Por Mario Persona

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Um crente pode perder o Espirito Santo? - Mario Persona


Jamais! 


Jamais! Se a salvação e o Espírito Santo tivessem sido conquistados pelo crente, por sua fidelidade, boas obras ou esforço próprio, então obviamente ele poderia perder tanto a salvação quanto o Espírito Santo.

Mas quando entendemos que nossa salvação começou muito antes de nossa existência, ou melhor, antes até da existência do mundo, e que o selo do Espírito nos foi dado por Deus como garantia dessa obra que Ele executa em nós, então não há o menor risco de um crente em Jesus perder o Espírito Santo ou a salvação.

Obviamente estou falando aqui de pessoas salvas pela fé em Jesus, e não aquelas que adotaram uma religião ou apenas chegaram ao conhecimento da verdade ou experimentaram os benefícios da ação do Espírito Santo, como aconteceu com os judeus que conviveram com Jesus e são descritos no versículo abaixo:

Heb 6:4-6 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo. E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. 

Um bom exemplo das pessoas descritas no versículo acima é Judas, que teve tudo isso, mas nunca creu verdadeiramente e nem foi habitado pelo Espírito Santo (o que só veio acontecer na formação da Igreja em Atos 2 com os verdadeiros salvos).

Portanto, para entender por que a salvação é algo definitivo e impossível de se perder, é preciso entender que ela não começou no momento em que cremos, mas muitas eras antes. Veja este verso:

Joã 17:2-3 Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna A TODOS QUANTOS LHE DESTE. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. 

Efs_1:4 Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; 

Joã_15:16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça

Portanto, não houve um dia quando tivemos a grande ideia de crer em Jesus. A história da salvação de cada um começou antes dos tempos, na glória, quando o Pai deu ao Filho aqueles que haveriam de crer nele. Então, depois de consumada a obra com a morte e ressurreição de Jesus, o Espírito Santo encheu aquele que haveria de crer em Cristo com a água da Palavra e o Senhor a transformou em vida, como é figurado nas bodas de Caná (João 2). 

Uma vez que recebeu vida do alto (novo nascimento), aquele que outrora fora inimigo de Deus e incapaz de buscar a Deus (como nos ensina Romanos 2), reconheceu o seu pecado (convencido pelo Espírito) e assim creu em Jesus, sendo então selado com o Espírito Santo da promessa. O selo do Espírito é a garantia de Deus de que tal pessoa jamais se perderá, assim como uma carta é selada para garantir sua chegada ao destino. 

Efs 1:13-14 Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor (garantia) da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória. 

Não somos nós que nos selamos, mas Deus é quem faz isso. 

2Co 1:21-22 Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações

2Co 5:5 Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito

Em todo o processo da salvação, da eleição, passando pelo novo nascimento e até a chegada no céu, não há um átomo sequer de obra humana, pois se houvesse, teríamos de que nos gloriar.

Efs 2:8-9 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; 

Efs 4:30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados PARA O DIA DA REDENÇÃO (ou dia do resgate). 

Portanto o selo do Espírito é a garantia dada por Deus de que os que são selados serão resgatados e levados para o céu. É Deus, o que sela, quem garante, não é aquele que recebe o selo que garante isso com sua perseverança. Você já viu alguém ir ao correio, ter sua carta selada, e depois ir embora com a carta na mão para viajar até seu destino para entregá-la? Não, é o Correio que garante a chegada dela ao destino e a garantia é o selo.

Se o crente pudesse perder a salvação ou o Espírito Santo isso seria uma quebra no contrato, não do crente, mas de Deus, pois foi Ele quem prometeu nos salvar. 

Rom_11:29 Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento

O selo pode também ser enxergado sob outro aspecto, pois nos tempos em que foi escrito o Novo Testamento ainda não existiam os selos postais de hoje. Mas existia o selo da autoridade. Quando uma autoridade lavrava um documento, ela costumava "carimbar" com seu anel ou selo o documento. 

Em algumas épocas isso era feito sobre um lacre que era derretido e pingado sobre o documento e marcado com o anel da autoridade antes de esfriar e endurecer, ou era como um carimbo mesmo aplicado sobre o documento com algum tipo de tinta. O selo tinha o objetivo de autenticidade, de provar que aquele documento ou o que quer que fosse pertencia àquela autoridade. 

Era o equivalente ao "registro em cartório" que fazemos hoje. Quando alguém registra uma propriedade física ou intelectual, fica determinado que aquilo pertence a essa pessoa. Assim é o selo do Espírito no crente: ele não pertence mais a si mesmo, mas a Deus, que o selou.

1Co 6:19-20 Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus

Joã 10:28-30 E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. 

Mas como ter certeza de que serei mantido íntegro até a vinda de Jesus para me buscar? É o Senhor quem faz essa obra também.

1Ts 3:12-13 E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco; Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos

Acreditar que se pode perder a salvação e o Espírito Santo é falta de confiança em Deus. É acreditar que Deus não é totalmente responsável por nossa salvação, mas que deixou algo para nós fazermos, o que nos tornaria co-salvadores com Cristo de nós mesmos. Se assim fosse não estaríamos totalmente perdidos, mas só 90% perdidos, ficando essa parte para Cristo nos salvar e 10% dependente de nós mesmos.

E o que dizer então daqueles que por tanto tempo caminham como cristãos e depois voltam ao que eram ou se transformam até em algo pior? A Bíblia responde:

1Jo 2:19 Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. 

Da impossibilidade de um eleito de Deus ser totalmente desviado e perdido, o Senhor demonstrou com suas palavras nesta passagem:

Mat 24:24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, SE POSSÍVEL FORA, enganariam até os escolhidos. 

É preciso entender que o crente em Jesus passou para outro terreno, que é o da vida eterna, para o qual já não há juízo ou condenação. Veja que o verbo "passar" aqui aparece no passado, como algo já realizado para aquele que creu na Palavra de Deus:

Joã 5:24 Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas PASSOU da morte para a vida. 

Se a vontade própria do crente fosse forte o suficiente para desviar-se a ponto de perder sua salvação, então sua vontade seria mais forte que a vontade de Deus, o que é totalmente impossível.

Joã 6:39-40 E a vontade do Pai que me enviou é esta: QUE NENHUM DE TODOS AQUELES QUE ME DEU SE PERCA, MAS QUE O RESSUSCITE NO ÚLTIMO DIA. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 

De todas estas passagens, nenhuma talvez seja tão veemente quanto Romanos 8 para mostrar a imutabilidade de nossa salvação. Longe de ser uma atitude humilde, o crente que acha que pode perder sua salvação ainda não descansou totalmente na obra de Cristo.

Rom 8:28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito [de Deus]
Rom 8:29 Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 
Rom 8:30 E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou
Rom 8:31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? [nem eu posso ser contra mim mesmo!!]
Rom 8:32 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? 
Rom 8:33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica
Rom 8:34 Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. 
Rom 8:35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 
Rom 8:36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. 
Rom 8:37 Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou [não por nós mesmos]
Rom 8:38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 
Rom 8:39 Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor

Abaixo alguns versículos que nos dão a certeza da salvação eterna e inabalável que temos depois que cremos em Jesus:

1Jo 2:19 Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.

Mat 24:23-25  Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhe deis crédito, porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.  Eis que eu vo-lo tenho predito.

Joã 5:24 Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.

Joã_6:37 Tudo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.

Joã_6:38-39  Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai, que me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último Dia.

Joã 10:3-5  A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.

Joã 10:27-29  As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai.

Rom 8:1-2  Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

Rom_8:33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.

Rom_11:29 Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.

1Co_1:8 o qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo.

1Co 3:15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

2Co 1:21-22  Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.

2Co_5:5 Ora, quem para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito.

Efs_1:14 o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.

Flp_1:6 Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo.

Col 3:4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória.

1Ts_5:23 E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

1Ts_5:24 Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.

Heb_10:14 Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados.

Heb_10:39 Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.

1Jo_3:9 Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.

1Jo_5:4 Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.

1Jo_5:13 Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eternae para que creiais no nome do Filho de Deus.

1Jo_5:18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.

1 Pd 1:5 que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo


Por Mario Persona

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17 de julho de 2017

O que é uma Reuniao da Assembleia - H. L. Rossier


Antes de responder à questão "O que é uma reunião da assembleia", cumpre recordar brevemente o que é a assembleia de acordo com a Palavra. A assembleia, ou Igreja, é composta por todos os remidos da dispensação presente – desde Pentecostes até o retorno do Senhor. Neste sentido, todos os santos desta dispensação - quer estejam ainda aqui quando o Senhor retornar, ou já tenham sido reunidos para Ele antes de Seu retorno - fazem parte dela.

A Assembleia é a Noiva de Cristo, a quem Ele amou, e por quem Ele se entregou, “para apresentar a si mesmo igreja gloriosa”. Mas a Assembleia é também apresentada sob dois aspectos, especialmente no que se refere ao assunto diante de nós.

Primeiramente, a Igreja é o corpo de Cristo. Este corpo foi formado em Pentecostes (Atos 2). Naquele tempo o Senhor Jesus, havendo ascendido aos céus e estando sentado à direita do Pai, consequência da obra de redenção, enviou o Espírito que Ele havia recebido (Atos 2:33), para unir todos os remidos sobre a terra em um corpo junto a Ele, a sua Cabeça glorificada nos céus. Em Pentecostes ainda faltava uma parte inteira deste mistério para ser revelada, que constituía o serviço especial do apóstolo Paulo, qual seja, de que os “gentios” eram também “coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef 3:6). Atos 2 nos apresenta a Assembleia sob seu aspecto judeu, por assim dizer, de acordo com a alusão que é feita em Salmos 22:22; ainda assim, é a Assembleia. Aquela que foi alcançada em Pentecostes pelo dom do Espírito Santo continua, e continuará até a vinda do Senhor.

Batizados por um Espírito em um corpo aqui na terra, todos os crentes são, por este mesmo Espírito, eternamente unidos à sua Cabeça celestial para enfim ficar com Ele na glória. Esta unidade – “um só corpo e um só Espírito” (Ef 4:4) – existe hoje como no início; é indestrutível, e não pode ser arruinada.

Além do princípio da Assembleia – ou seja, a unidade do corpo de Cristo – a Pessoa do Senhor é o seu centro (mais adiante insistiremos na importância imensa deste fato), e o Espírito Santo é o agente da Sua obra. Ele age através de dons conferidos pelo Senhor à Igreja, ou distribuídos pelo Espírito de acordo com Sua vontade (1 Co 12). A expressão dessa reunião na terra é a mesa do Senhor. É nela que, além da lembrança da Sua morte, a unidade do corpo é proclamada (1 Co 10:16, 17 ).

Segundamente, em relação à descida do Espírito Santo à terra, a Assembleia é também considerada a Casa de Deus aqui, como a habitação de Deus pelo Espírito. A primeira menção à Igreja (Mt 16), é a de uma construção, e não de um corpo. Quando Pedro, a quem isto havia sido revelado pelo Pai, disse que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Senhor lhe anunciou que naquela rocha Ele edificaria Sua Assembleia, e que os portões do inferno (Hades) não prevaleceriam sobre ela. Esta construção foi constituída pela descida do Espírito Santo depois que o Filho do Deus vivo havia sido declarado “Filho de Deus em poder” pela ressurreição (Rm 1:4). Ela continua, e só será terminada na Sua vinda, quando aquilo que Ele construiu será traduzido nos céus para ser a cidade de Deus, a Nova Jerusalém, o Templo no qual ela agora está se tornando (Ef 2:21). Esta casa é composta de pedras vivas que são construídas nEle que é o alicerce, “a Pedra Angular”. Esta obra é perfeita, porque é a obra de Cristo, o Filho do Deus vivo. Ela é tão inalterável quanto a formação do corpo de Cristo aqui na terra.

Assim como é o corpo, a edificação também é considerada como sendo composta de todos os remidos do mundo em um determinado momento. “No qual”, foi dito aos Efésios, “também vós sois edificados para morada de Deus em Espírito”. (Ef 2:22)

Por outro lado, a Assembleia é não somente tida como construída pelo Senhor, mas também foi confiada à responsabilidade do homem para sua edificação (1 Co 3), e aqui nós vemos onde tudo falhou; a Igreja se tornou “como uma grande casa, onde há vasos para honra e vasos para desonra” (2 Tm 2:20). Se a manifestação da unidade do corpo falhou, e se ninguém pode reconhecer essa unidade na forma com a qual a Assembleia se apresenta hoje para os olhos do mundo, isto é porque outros materiais que não “pedras vivas” adentraram a construção da casa, e nesta distinção externa a casa foi arruinada. 

A Assembleia Local

Em Pentecostes a assembleia, toda a Assembleia, estava reunida em Jerusalém. Com a expansão da obra, não era mais possível continuar a estar reunidos “em um só lugar” (At 2:44). Em todos os lugares, reuniões locais foram formadas, como nós podemos ver nos Atos e nas Epístolas, mas cada um deles era a representação do todo, do único corpo – “vós sois o corpo de Cristo” (1 Co 12:27). Era a Assembleia de Deus naquela localidade; inseparável de “todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Co 1:2). A assembleia numa localidade consistia de todos os remidos que moravam naquela localidade. Assim era a assembleia de Deus em Corinto, em Antioquia, em Jerusalém, em Éfeso, e em todos os outros lugares. A vontade de Deus para a assembleia local é, portanto, que ela receba todos os remidos de sua localidade, e que represente nos olhos de Deus, e deva representar aos olhos do mundo, a Assembleia. Este fato é importantíssimo em relação à pergunta que fizemos no início deste texto, porque é precisamente com a assembleia local que devemos nos ocupar. Nunca é demais reforçar este fato: só existe um princípio de reunião de acordo com a Palavra – o da unidade do corpo de Cristo. Todas as assembleias que não estão reunidas sobre o reconhecimento da unidade do corpo de Cristo só podem ser sectárias.

A palavra de Deus julga, em Mateus 18 e II Timóteo, e em outras muitas passagens, que a ruína do edifício confiado à responsabilidade do homem iria mudar a aparência primitiva da reunião dos santos aqui na terra, mas isto providencia um recurso de eficácia em todos os tempos e em toda circunstância. Este recurso consiste na presença do Senhor Jesus no meio de dois ou três reunidos ao Seu nome (Mt 18:20). Nunca é contemplado que o princípio da reunião deva ser modificado de qualquer forma ou por qualquer razão. Há um corpo e um Espírito, e nós devemos sempre procurar “guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:3).

Portanto, quando nós falamos hoje de uma assembleia local talvez ela seja constituída de apenas dois ou três reunidos ao nome de Cristo e em reconhecimento do um só corpo, no meio de centenas de outros cristãos que possuem um terreno de reunião em desacordo com as Escrituras; mas estes poucos têm o privilégio de ser a representação de toda a Assembleia na terra, ao mesmo tempo em que possuem a responsabilidade de tal representação, e a autoridade do Senhor está presente nos atos da assembleia deles.

A passagem em Mateus 18:15-20, que nos apresenta o suporte e o exercício da grande verdade da assembleia anunciada em Mateus 16, nos mostra o trabalho daquela assembleia, fosse ela composta por dois ou três. Ela é reunida ao Seu nome, e Ele está no centro dela; e então ela tem Sua autoridade para administrar-se; e o que ela decidir reunida, Ele estando presente, e sob a direção do Espírito Santo, é ratificado nos céus.

Nesta passagem o Senhor até mesmo providencia para dificuldades pessoais entre dois irmãos. Com referência a ele mesmo (versículos 8 e 9), o crente não deve ter piedade; ele deve cortar e atirar para longe. Se a questão se refere ao seu irmão, o erro inquestionável não pode ser tolerado, mas ele deve agir com graça e muita paciência. Se o que pecou contra seu irmão não ouvi-lo, nem à testemunha trazida por ele, a questão é levada diante da assembleia da qual os dois fazem parte, e ela intervém sem apelo. A assembleia fala, e não é ouvida: aí então todos os meios possíveis empregados se exaurindo, o irmão ofendido deve considerar aquele que o ofendeu como um “homem gentio e publicano”.

A assembleia possui aqui a competência para decidir sem apelo em uma questão individual. O décimo sétimo verso não fala de forma alguma de disciplina exercida pela assembleia nem de afastar a um iníquo. Este não é o sentido nem o tópico da passagem. “Considera-o”, a passagem diz, não “considerem-no”. É necessário ler 1 Coríntios 5, e não esta passagem, para achar um exemplo de afastar um iníquo da assembleia.

A intervenção de uma assembleia local em uma questão individual naturalmente leva a um segundo ponto contido no versículo 18: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.”. O Senhor, que havia dado autoridade ao apóstolo Pedro tendo em vista a administração do reino dos céus (Mt 18:19), mostra aqui que a autoridade é agora da Assembleia gozando da Sua presença em seu meio, e isto em vista da sua administração. Nos tempos apostólicos, quando a igreja foi fundada, as duas autoridades existiam juntas, sem que uma tomasse o lugar da outra, como nós podemos ver no caso da pessoa incestuosa em Coríntios (1 Co 5: 4-5)

Desde a partida dos apóstolos não há mais esta autoridade individual para “entregar a Satanás”; mas a autoridade dada pela presença do Senhor ao ato de dois ou três reunidos ao Seu nome se mantém até a Sua vinda.

A assembleia tem, portanto, um dever, que é o de receber ou afastar. Suas decisões são ratificadas nos céus. Sua autoridade judicial tem sua fonte inteiramente no fato de que o Senhor está no seu meio e de que ela possui a orientação do Santo Espírito. É muito importante notar que o vigésimo versículo, “aí estou eu no meio deles”, refere-se igualmente ao versículo 18 e 19, dos quais nós falaremos posteriormente. O poder continua, ainda que no meio de dois ou três reunidos ao Seu nome no terreno da assembleia, porque Ele está lá pessoalmente.

A reunião da assembleia

Agora que vimos o que a assembleia é, e também o que é uma assembleia local de acordo com a Palavra, podemos então responder à questão que formula o título deste texto. Mas digamos primeiro o que uma reunião da Assembleia não é.

Cristãos podem se reunir por um frutífero e abençoado propósito sem estarem reunidos no terreno da assembleia. Um pai pode reunir sua família, um mestre seus empregados, um irmão pessoas jovens, para meditar na Palavra ou estudar as Escrituras. Anciões podem reunir-se para o mesmo propósito. Um irmão, abençoado pelo Senhor como um evangelista ou professor, pode exercitar seu ministério diante de um público convocado para este fim, seja em uma sala de reuniões da assembleia, ou em qualquer outro lugar; este mesmo irmão pode ter em seu coração a vontade de expor um assunto ou uma parte da Palavra consecutivamente em uma série de leituras, e com o consentimento da assembleia, esses encontros podem talvez acontecer durante a semana ou no dia usual de reunião. A assembleia iria até esses endereços, que seriam responsabilidade daquele que exercita seu dom; isto seria proveitoso para eles; luz seria provida, efeitos produzidos pelo Santo Espírito na consciência; aquele que achou não precisar de tal ajuda perderia uma oportunidade; mas nenhum dos casos que enumeramos acima é uma reunião da Assembleia.

Uma reunião da assembleia é realizada em acordo com o princípio da Assembleia como tal. “Quando vos ajuntais na igreja”, diz o apóstolo aos coríntios (1 Co 11:18). Ademais, a Assembleia, na realidade reunida ao redor do Senhor que está no meio dela, é inteiramente dependente dEle e do Espírito Santo agindo no meio dela. Quando os remidos entendem o que a assembleia, a Igreja, é para o coração de Cristo e nos olhos de Deus, eles naturalmente buscam compreender esta imensa bênção, e têm a alegria de achar o Senhor pessoalmente presente no meio deles, de acordo com Sua promessa. Esta presença não é corpórea, como quando ele esteve no meio dos Seus discípulos após Sua ressurreição, mas não é nem um pouco menos real. É uma pessoal e espiritual presença. Observe que mesmo que os Seus estejam reunidos “ao Seu nome” (Mt 18:20), Sua presença é pessoal. Ele diz, “lá estou eu no meio deles”, e também “louvar-te-ei no meio da congregação” (Sl 22:22). Ele não diz “meu Espírito está lá”, “meu Espírito louvar-te-á” “Meus remidos te louvarão pelo Espírito” – tudo o que também é verdade – mas “lá estou eu”, “louvar-te-ei” vai muito mais além. O mero número de pessoas não é importante. Sua presença é a mesma, sejam eles três mil, como no início, ou três, como num tempo de ruínas. Sua presença no meio dos Seus constitui a bênção peculiar de uma reunião da Assembleia.

Isto nos leva aos diferentes caráteres que constituem uma reunião da assembleia:

1. A primeira reunião da assembleia é para adoração. 2. A segunda reunião da assembleia é para oração (Mt 18:19, 20) 3. A terceira reunião da assembleia é uma “reunião aberta”. (doutrina)

A Reunião De Adoração

A primeira reunião da assembleia é para adoração. De uma forma geral, adoração é a adoração coletiva prestada a Deus pelo que Ele é nEle mesmo – pelo que Ele é e fez por nós. Adoração é de suprema importância nos olhos do Pai e nos olhos do Filho. “Mas a hora vem”, disse o Senhor, “e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.

Adorar é a primeira coisa feita por cristãos que entenderam o que a assembleia é, porque isto pressupõe pessoas unidas em um corpo por um Espírito. Adoração acontece na presença de Deus Pai e ao redor do Cordeiro. Quando uma pessoa assume esta posição, ela pensa em tudo que o Filho é para o Pai, e em tudo que Cristo é para Deus (Ap 5:9), e no fato de que Deus foi perfeitamente glorificado aqui na terra na vida e na morte de Jesus. Mas todo este trabalho, o qual, assim como seu Autor, forma a satisfação do Pai, foi feito por nós; Nós somos capazes em certa medida de apreciar sua extensão, pois somos os objetos dessa obra. Dar graças, então, combina-se com adoração e em adoração do Pai e do Filho. O próprio Senhor é o centro da adoração de louvor. Ele mesmo nos uniu; Ele se coloca entre nós. Sua presença pessoal em adoração tem tanta importância que sem ela não pode haver adoração digna desse nome. Ele diz “louvar-te-ei no meio da congregação” (Sl 22:22).

Como Ele louva? Usando a voz da assembleia reunida ao redor dEle. É inquestionável que somente pelo Seu Espírito e pelas nossas bocas que isso acontece, mas é igualmente verdadeiro que é Ele quem louva. Louvor é expresso neste salmo ao Deus de amor que salva e livra; mas é Cristo que foi livrado da morte. “Salva-me da boca dos leões, e dos chifres dos bois selvagens. E tu me respondeste.” Somente Ele pode saber a extensão completa desta salvação e pode celebrá-la de uma maneira adequada. Mas este livramento é tanto para nós quanto a obra que fez Jesus descer à morte.

Seus louvores, então, devem também ser nossos; somente Cristo pelo Seu Espírito expressa louvor com uma completude que não é limitada pela nossa própria apreciação. Cristo, tendo estado nos “chifres dos bois selvagens”, sabe perfeitamente o que Deus é em livramento e qual é a grandeza do livramento. Nós sabemos também, mas muito imperfeitamente; mas nossa fragilidade encontra consolo e encorajamento no pensamento de que o louvor ascende como uma fragrância doce na presença de Deus pai, porque o Senhor que nos revela é o centro dele, o Líder, e Ele que o expressa. Sem dúvidas, nossa condição moral pode entristecer o Espírito Santo e atrapalhá-lo a dar a completa expressão do louvor, mas ainda assim é também verdade que Deus é a fonte dele (como lemos em Sl 22:25), que o Senhor é o centro dele, e que ele é expresso pelo Espírito Santo.

Nós encontramos um Segundo aspecto de adoração em 1 Coríntios 10 e 11. A ceia do Senhor é apresentada como o centro visível da assembleia reunida à mesa do Senhor, e o próprio Senhor como centro invisível.

Esta reunião, que está ligada à adoração na sua máxima expressão, é preeminentemente uma reunião da assembleia, e é considerada como tal em I Coríntios 11, onde encontramos as palavras que citamos previamente: “quando vos ajuntais na igreja” (versículo 18); e, novamente, “desprezais a igreja de Deus”, palavras que claramente demonstram o caráter da reunião da assembleia na mesa do Senhor. Este assunto é conhecido o bastante para não nos prolongarmos muito nele. Faz-se mais necessário, talvez, notar que se geralmente adoração está ligada com a Ceia do Senhor, de forma alguma isso exclui a possibilidade de uma reunião da assembleia para adoração sem o partir do pão, diferente daquela realizada no primeiro dia da semana, quando a assembleia está reunida à mesa do senhor para partir o pão (Atos 20:7). Frequentemente os irmãos que assim o fazem experimentam tamanha alegria e abençoada adoração como resultado do que está expresso nas palavras: “louvar-te-ei no meio da congregação”.

A Reunião De Oração

A outra forma de reunião da assembleia é a de oração, mencionada em Mateus 18:19, 20.* No versículo 18 o Senhor havia dito aos Seus discípulos: “vos digo...” No verso 19 ele acrescenta “Também [novamente] vos digo que”. Juntando estes dois versículos com o 20, e distinguindo um do outro, temos “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” Portanto a presença do Senhor está tão assegurada em uma reunião da assembleia para oração quanto em uma reunião para adoração.

*Pode-se corretamente enxergar o exercício de recepção ou de afastamento no versículo 18 numa reunião de assembleia. Nós o mencionamos apenas porque ele é frequentemente ligado a adoração onde almas são recebidas ou afastadas. Mas é necessário ir mais frequentemente a uma reunião da assembleia para humilhação. Isto é entendido em I Coríntios 5:2. Quando um pecado é descoberto na assembleia e urge pela exclusão da pessoa culpada, a assembleia precisa expressar tristeza e se humilhar acerca do pecado, fazendo do pecado do culpado um pecado próprio diante do Senhor. O afastamento pode ser pronunciado pela assembleia nesta reunião para humilhação, o que confere grande solenidade ao ato.

De um ponto de vista prático é importante entender isto. Uma reunião para oração tem um caráter especial, tão especial quanto o de uma reunião para adoração. Um irmão talvez tenha um motivo plausível para se abster do exercício de um ou de outro ministério, mas ninguém pode ter razão alguma para não estar presente numa reunião de oração, porque o Senhor está lá, pessoalmente presente no meio dos Seus. Se nossos corações apreciam este privilégio, não acontecerá o que muitas vezes se sucede, de numa grande congregação apenas cinco ou seis sentirem-se constrangidos a ir juntos para orar. Devemos deixá-Lo, o Senhor, se apresentar sozinho, aonde toda a assembleia deve estar reunida? Sem dúvida alguma, de acordo com Sua promessa, Ele estará sempre presente no meio de dois ou três. Mas que negligência para com Sua pessoa por parte da assembleia. Oh, que nós possamos sentir mais profundamente nossa responsabilidade nesta questão!

De onde vem a fragilidade das petições em nossa reunião de oração? De onde vêm os receosos silêncios? De onde vêm as vãs repetições, as desinteressantes súplicas apresentadas sem convicção e invariavelmente formadas de um mesmo modelo? Isso tudo não surge do fato de que Sua presença no meio da assembleia não é percebida? De outra forma haveria tanto vigor nas orações quanto na adoração. Sem dúvidas uma se difere da outra. Nesta – adoração - é o louvor, naquela – oração - são súplicas que ascendem a Deus, mas em ambas o pensamento dos santos, expresso pelo Espírito Santo, é dirigido pelo Senhor. Louvor é mais elevado que súplica; ambos são perfeitos na boca do Senhor Jesus: “quando ele clamou, o ouviu”. (Sl 22:24)

Notemos que orações não estão ausentes do cenário celestial enquanto houver santos sofrendo na terra. ”Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas (louvor) e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Ap 5:8). Portanto os anciões agem das duas formas. Está é a celestial “reunião da assembleia”, com o Cordeiro sacrificado como centro, visível no meio do trono aos olhos de todos (o que não acontece hoje), uma reunião da assembleia celestial para adoração e para apresentar as orações dos santos.

A Reunião Aberta (Doutrina - Ministério)

A terceira reunião da assembleia é para edificação, e é citada em I Coríntios 14. Para entender a importância deste capítulo, é interessante apontar que, após a introdução da epístola (I Co 1 e I Co 2), a organização da assembleia enquanto casa de Deus sob direção do Espírito Santo é tratada do terceiro ao décimo capítulo. 1 Coríntios 10: 1-13 fala dos privilégios e responsabilidades da profissão cristã. 1 Coríntios 10:14- 1 Coríntios 14 nos mostra a ordem da assembleia em relação à unidade do corpo de Cristo. O Espírito produz essa unidade; a Ceia é a expressão dessa unidade (1 Co 10 e 11). Em 1 Coríntios 12 nós vemos que “por um Espírito somos todos batizados em um corpo”, e que “todos temos bebido de um Espírito.” Cada dom tem seu lugar nas ações da assembleia. Os ministérios prestados pelos dons são exercitados sob a autoridade do Senhor e para Ele. A doutrina dos dons do Espírito é também explicada em detalhes nesta passagem; no versículo 28, nós temos, por assim dizer, os grandes dons colocados por Deus na assembleia.

Em 1 Coríntios 14 o apóstolo nos mostra o ministério e o exercício dos dons na reunião da assembleia, depois de ter em 1 Coríntios 13 introduzido o amor como o motivo para seus usos e exercícios. Antes de mais nada, é uma reunião da assembleia e nada além disto. É a assembleia reunida como tal ao redor do Senhor: “Se, pois, toda a igreja se ajuntar num lugar”, no versículo 23, usando a mesma expressão de 1 Coríntios 11:20 quando, falando da Ceia do Senhor ajuntados “num mesmo lugar”. É o termo técnico para a congregação de um ponto de vista prático (ver também versículos 4, 5, 12, 19, 26, 33, 34, 35).

Mas o assunto não está encerrado em adoração ou oração, mas em edificação: “Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação”; (versículos 3 e 4) “para que a igreja receba edificação” (versículo 5); “procurai abundar neles, para edificação da igreja.” (versículo 12).

A assembleia, então, está ajuntada neste caso para a Ceia do Senhor, na unidade do Espírito, e tendo Cristo pessoalmente presente com eles; mas o que ocorre é a bênção sendo derramada pelo Senhor em Sua assembleia ao invés de subindo a Deus por Ele. É sob a Sua autoridade que os dons espirituais são dispensados aos Seus, para que se edifiquem.

Já afirmamos que pode haver um exercício de um dom em outros lugares que não a assembleia, mesmo sem citar o evangelista que se direciona ao mundo, mas não é isto que está sendo falado aqui. Nós nos ajuntamos “em assembleia”, o Senhor estando presente e sendo o centro; nós esperamos Nele para receber, pelo Seu Espírito, aquilo que conduza à edificação da Sua Igreja. A sua presença empresta caráter particular aos dons na reunião da assembleia. É uma questão de edificação da assembleia, ou seja, do corpo. Cada um terá algo para dar (versículo 26).

Não são os dons fundamentais exatamente os que são exercitados nestes tempos, ainda que um dom basilar como o de profecia possa estar presente. Nem o de ensino, nem o de línguas estão excluídos, mas nós vemos os trabalhos do corpo confiados a todos e a cada um, de acordo com a necessidade das operações do Espírito e a vontade do Senhor, que está no meio da Assembleia em vista da sua edificação e suas reais necessidades são conhecidas para Ele, porque Ele guarda os seus e purifica Sua assembleia falando com ela (“pela Palavra” Ef 5:26). Nesta ocasião a cena que se revela é cheia de júbilo. Encontramos grande liberdade aliada à grande dependência. Um irmão se levanta e profetiza. Nos nossos dias, profetizar, sem dúvidas, difere daqueles de 1 Coríntios 14, porque a Palavra de Deus estando completa, não pode haver novas revelações de Sua vontade; mas a comunicação da vontade de Deus permanece. Todos os irmãos são capazes de profetizar, porque é importante enfatizar que não se trata de algo constante ou contínuo: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (versículo 26).

O exercício do dom de profecias aparece aqui como uma comunicação momentânea da vontade de Deus, que trabalha por um ou por outro. “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados.“ Isto não significa que durante uma reunião da assembleia todos devam profetizar, ainda que todos eles tivessem capacidade para tanto, pois os espíritos dos profetas são sujeitados aos profetas (versículo 32). Nós vemos, pelo contrário, que o Espírito Santo confina, em vista da ordem, o exercício da profecia para dois ou três, “porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (versículo 33). Toda esta atividade é então exercitada ricamente em sua diversidade, e resulta em grande bênção para almas. Elas vão procurando o Senhor. Ele está lá, e é nessa atividade espiritual que Sua presença se faz sentida.

Há diferentes motivos para a nossa incapacidade de realizar reuniões da assembleia com o caráter do qual falamos. Consideremos, em primeiro lugar, o fato de que irmãos não se dão por conta de que o Senhor está presente, como o está em adoração, e de que é possível confiar tão perfeitamente na Sua presença para a edificação da Assembleia quanto para a adoração e para a oração. A diferença entre o que passa em nosso espírito quando nós vamos para uma reunião de adoração e uma reunião “aberta” para edificação é prova disto. Ao irmos a uma reunião para partir o pão, nós estamos em paz, e sem preocupação do que possa acontecer lá, ou das ações que talvez ocorram, porque nós vamos para encontrar a presença do Senhor. Mas numa reunião para edificação, nós nos perguntamos com ansiedade, “quem estará lá? Quem participará?” Será por que não vamos lá buscando Sua presença? A falta de fé e de confiança nEle também atrapalham o exercício dos dons para edificação. Você me dirá “não, mas é a mim mesmo que não confio”. Desengane-se. Se você não tivesse confiança na carne, você deixaria o Senhor agir, e Ele poderia falar por você, de maneira a expressar Sua vontade de acordo com a direção do Santo Espírito. Há uma outra dificuldade, e sem dúvida a principal dificuldade desta terceira forma de reunião da assembleia. O que está faltando é ser alimentado pela Sua Palavra, pela Palavra de Deus. É opressor ao espírito pensar e concluir o quão negligenciada tem sido a leitura do Velho Testamento. Apenas uma pequena porção das meditações dos santos é direcionada a isto. O quão pouco é sabido do escopo da vontade de Deus revelada até pelo Novo Testamento! Sem este alimento não há crescimento, não há progresso, não há capacidade de se tornar um instrumento para edificação. Nós não somos capazes de edificar outros se não formos nós mesmos edificados. Não obstante, não é possível estar em habitual comunhão com o Senhor sem este alimento, e sem comunhão não há edificação.

Notemos novamente que os trabalhos de uma reunião da assembleia para edificação tal e qual aquela em 1 Coríntios 14 pressupõe que a assembleia, e em particular todos os irmãos, esteja andando em comunhão e a piedade a que acompanha. A Palavra sempre apresenta coisas para nós em ligação ao estado normal dos cristãos. Isto fala às nossas consciências.

Não é muito humilhante para nós sermos obrigados a admitir que por nossa falha, por nossa falta de comunhão com o Senhor, nós atrapalhamos a manifestação de Sua presença e a ação do Espírito nas reuniões da assembleia?

Que nós vejamos agora o que acontece quando a assembleia é então reunida para edificação, na unidade do Espírito, tendo o Senhor pessoalmente presente. Os efeitos não são somente sentidos por aqueles dentro da assembleia, mas também por aqueles fora dela.

A ordem estava longe de reinar na assembleia de Corinto. Os coríntios eram ainda pequenas crianças, carnais, tomando vantagem dos seus dons, e acima de tudo dos seus dons miraculosos, para exaltarem a si próprios em seus próprios olhos e nos olhos dos outros. Então para eles falar em línguas superava qualquer outro dom, e eles abusaram disso, falando ao mesmo tempo de uma forma ininteligível, porque eles não se importavam em ser entendidos. O apóstolo restabelece a ordem de acordo com Deus.

Duas classes de pessoas são percebidas quando assembleia se reúne, os indoutos e os incrédulos. Os indoutos, no sentido que o Espírito dá a esta palavra, são aqueles que não têm conhecimento (comparar versículo 16); os incrédulos são aqueles que não possuem relação com Deus pela fé. Quantos não há hoje, na cristandade, destes simplórios que vagamente conhecem as escrituras e não têm ideia do que seja a assembleia!

Os coríntios talvez tenham aumentado as seguintes objeções para o que o apóstolo fala: é em vista destes incrédulos que nós damos lugar a línguas na assembleia, porque eles são “um sinal para eles que não acreditam” (versículo 22). O apóstolo não proibiu falar em línguas na reunião da assembleia, porque cada ação do Espírito tem o seu lugar lá, e quem pode limitar o Senhor? Mas ele põe um limite ao seu uso. Eles não deveriam falar ao mesmo tempo, Deus não sendo um Deus de confusão, mas cada um em seu turno, os profetas, no máximo três: e as línguas não sem um intérprete. De outra forma os indoutos e os incrédulos “não diriam que vós estaríeis loucos”, portanto desdenhando e condenando a assembleia? Eles gritariam “estas pessoas, ao invés de falar mútua e inteligente edificação entre eles, falam coisas que não podem entender” (comparar versículo 19). Mas se todos profetizam, e um incrédulo for a esta reunião, uma obra abençoada acontecerá na sua alma, uma obra de poder, o resultado da ação do Espírito Santo na assembleia: “ele por todos será convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os segredos do seu coração serão expostos”. Ele vê esta liberdade do Espírito para edificação: ele sente também que há algo ali que ele não viu nem conheceu antes, porque, recordemos, não é uma reunião de evangelho, mas uma para edificação.

O indouto (infelizmente, nos dias que vivemos, talvez até um Cristão!) diz: “Eu não sabia destas coisas; em que condição, então, está a minha alma? Que véu estava a cegando, para que me mantivesse um estranho aos pensamentos de Deus em Sua Palavra, que a presença do Espírito Santo já revelada pudesse ser tão desconhecida para mim? Como pude eu viver até agora indiferente a tamanhas bênçãos? Então ele está “convencido por todos... julgado por todos”. Aquilo que secretamente direcionou seu coração é trazido à luz, porque ele tratou com uma Pessoa invisível, agindo através de instrumentos visíveis, tratou com uma Pessoa de quem é dito “não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb 4:13). O mesmo acontece com o incrédulo. Através de cristãos ele se encontra em relação com Deus na pessoa de Cristo, que é o centro de Sua assembleia: “e então os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós”.

Não há sequer nesses espectadores qualquer pensamento de admiração por indivíduos, ou atração por aqueles que exercem seus dons, de apego ao que falam. Por quê? Porque eles se encontraram diretamente levados à presença de Deus. Eles se prostram e declaram “Deus está verdadeiramente entre vós”. E de fato, Ele está lá na pessoa de Cristo.

Esta reunião oferece então uma bênção dupla; primeiro, a assembleia percebe a presença do Senhor e a força moral que flui dela para a edificação de Sua igreja amada; depois, aqueles que não sabiam aprendem a conhecer a si mesmos, a julgar a si mesmos, e a conhecer o Senhor na luz da Sua presença.

Nós já mencionamos a dificuldade de realizar esta terceira reunião de assembleia no presente estado de coisas, acompanhadas de tamanha fraqueza espiritual generalizada. É bem mais fácil deixar os dons permanentes que o Senhor colocou na sua assembleia terem toda a responsabilidade de ação. Eles são dados para “aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, e para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12). Por mais preciosos que seus ministérios sejam, esperar deles ação exercita a consciência e a responsabilidade dos santos bem menos do que a obrigação de vir e buscar o Senhor na assembleia. Nesta última alternativa, não se descansa mais no dom, escorregando-se pouco a pouco no espírito clerical que já causou tantas devastações na assembleia. Estimemos altamente em amor, por causa de suas obras, aqueles que trabalham entre nós; mas nos apeguemos a esta verdade – de que as reuniões da assembleia têm uma importância para a bênção dos queridos filhos de Deus.

Quando corações gozam desta benção eles se lembram dela como uma felicidade especial. Há tempos favorecidos na vida cristã quando almas são trazidas a uma ininterrupta e fixa conexão com o Senhor e Sua palavra. Sob estas condições uma reunião “aberta” é algo que flui naturalmente de sua fonte. Tendo as almas estado em comunhão com o Senhor, Sua presença pode ser percebida. Se, então, o efeito não é mais frequentemente produzido, isto é, como já dizemos, porque não há mais habitual e diária comunhão com Ele e Sua Palavra. Nossos corações clamam por estas coisas; porque nós devemos certamente buscar o Senhor na assembleia, e Ele responderá à confiança dos Seus, e ao desejo sincero de gozar da Sua presença por uma abundante atividade do Seu Espírito. Quão importante tal entendimento seria em reuniões onde não houvesse dom distinto, mas houvesse verdadeira piedade e uma vida cristã ativa!

Que Deus nos permita entender e perceber muito melhor o verdadeiro caráter das reuniões da Assembleia para adoração, para oração e para edificação. 

H. L. Rossier.